ciborgue


após a operação às cataratas o médico disse: as lentes são próteses d'alma transparências forjadas pelo forno da máquina na carne -

vejo agora tudo
                               &além tudo
 (objectos deixaram de ser objectos)
coisa em si sumiu do léxico 
            da escola

                   caminho ainda por entre
                                         esses sinais entre falhas do sistema onde todas as linguagens falam entre si -
porquê a palavra sonora quando o corpo se funde com um chip?

olho uma cadeira... penso em voar. 
              (cadeiras deixaram de ser cadeiras
                                                                     cadeiras são agora vibrações)

olho para uma árvore sinto raiva ou desejo - ou ambos; a mesma única coisa: o real & a ficção de mãos dadas fumaram um charro riram-se de mim & havia uma voz - não sei de onde:


Einstein tinha razão
matéria é energia
o mundo é uma dança de enganos


        (a dualidade morreu & com ela 
morreu a inocência)

descobri então o meu reflexo no vidro de uma loja: 1 ciborgue de carne cansada meio-homem meio-qualquer coisa 

& agora o silêncio é sempre pontual de madrugada:
          o relógio a medir a pulsação o ritmo do meu pulso é o pulsar de uma estrela    


(foi quando me disseram afinal não és ciborgue a operação é uma simples reparação de rotina que pode ser feita em oficina não cria uma nova realidade não expande ao infinito a capacidade de ver ouvir falar pensar sentir não faz de ti um super-homem)             

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