Nunca paguei
nunca paguei para escrever poemas escrevo porque o sangue manda não por moedas ou contratos a palavra pertence às ruas sujas escrever é vento não ouro cego publicar é cuspir fogo na noite para rezar a santos de bolso quem cobra não sente o peso o peso real de um poema as línguas colhem vozes do chão em luas verdes o sol voa onde a máquina cala livre nasce e morre o poema