hora de ponta


1.

                a multidão acolhe

o céu aberto contra o vidro

   o tempo elástico encolhe


    o silêncio & empurra

      a pressa do mundo

o rio não afaga

          as suas margens


2.

              a vida é o metro 

                círculos lentos

estações intensas

   viagens sonoras


         em pressa o corpo se apaga

             no chão quebra o invisível

            &assim cala a meio a vida 


3.

        hora de ponta o sangue nos

    ossos encovados os olhos 

      nos ombros

 a língua pastosa a recitar horas

   o tempo a mastigar sobras


     olhares sem nome cruzam

    o ar vozes moldam vorazes

      o casto anúncio carnívoro


4.

        o vidro frágil o tempo 

        secreto

   não suporta o peso 

da multidão 


     horas dividem-se em partículas

átomos o silêncio devora a cidade

        pelos vidros escorre o vómito


5.

      invisíveis passos seguem

 o instante não há passagem

tardios os ecos longe &perto 


  o vidro da carruagem sentia

            os passos tropeçarem

    em seus reflexos:

                  a multidão soltava

  o suspiro apertado


               a multidão sonhava

       com furtivas escapadas

 &os trilhos da terra 

o infinito 

                   fintavam         

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